quinta-feira, junho 25, 2009

PARA QUE ESCREVER?


Há quem diga que escreve para afastar os próprios fantasmas. Eu escrevo para entrar em contato com os meus e com suas zonas de sombra: tristezas, dúvidas, perplexidades, medos, inseguranças, ansiedades, desatinos. E também para vibrar na luz: celebrar alegrias, gozos, conquistas, êxtases, paz de espírito, descobertas, reencontros. E, sobretudo, para me conhecer melhor, me apropriar dos meus pensamentos, idéias, emoções, sonhos, sensações, subjetividades.

Escrevo para desbravar minha geografia, meu mundo interior - esse vasto território tão desconhecido e tão difícil de ser dom(in)ado!

Escrevo não só para me conhecer, mas também para me re-conhecer. Me re-visitando, me percebo melhor. Minha auto-estima nem sempre está ligada a minha auto-imagem, embora o espelho - sempre fiel - me aponte as rugas, os fios de cabelo que insistem em (re)nascer cada vez mais brancos e uma flacidez que me comove e me desespera ao mesmo tempo. Acolho-os em meu regaço de mulher parida e pronta para oferecer conforto. Não há espaço para (des)ilusões: o tempo marca suas passagens pelo meu corpo e me informa que ele se encontra vivo, pulsante e vibrante! Portanto, nada a lamentar!

Escrevo para me entender e me revigorar. Para aprender um pouco mais sobre mim mesma e como posso, a partir desse aprendizado - sempre feito de erros e acertos - errar menos e acertar mais. Uma tarefa para Hércules nenhum botar defeitos!

Nem sempre é fácil ser porta-voz das próprias idéias. Ser de segunda mão é nosso destino. Somos sempre uma cópia: de nossos pais, de nossa família, de nossa cultura, costumes, tradições, geografia e temporalidade. Somos cópias dos amigos que cultivamos, dos amores em que nos enredamos, dos filhos que criamos, de todos os livros que lemos e palavras que ouvimos e que continuam – de forma tão solene e inesperada - ecoando dentro de nós. Tentar escapar disso é tão irreal como achar que viveremos eternamente. Mas já que ninguém pode pensar e experimentar a vida por mim, embarco nessa aventura do corpo/linguagem. Nasci “sapiens”, “ludicus” e com o privilégio de ser mulher! Então me disponho a brincar de contar estórias e des-cobrir minhas ideias.

2 comentários:

  1. Amiga, vc tem muita "vida " para gerar através de tudo o que vc é. O seu Blog ( muito chique ) é um presente para mim. Distribua as suas riquezas interiores para adornar as nossas vidas.
    Parabéns ! Continue iNOVAndo...
    com carinho
    ines yunes

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  2. Querida Inês,
    Obrigada pelo seu retorno e pelas palavras carinhosas. Olha, filhos, eu sei que vc soube fazer direitinho: são maravilhosos! Já plantou a árvore? Não acha que está na hora de também começar a dividir suas estórias emocionadas com as amigas? Garanto que será para nós todas um enorme prazer!
    Beijocas.
    Maria Helena

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