sexta-feira, dezembro 18, 2009

CRYING FOR A MOON



Eu sei que você me ama do jeito que eu sou:
louca, enfurecida
aparentemente sana
e muitas vezes perdida ...

Sei também que anda girando fora dos meus aneis.

Detesto esta ideia
de me sentir assim,
solta num firmamento
sem luz, sem satélites
buscando novas constelações
em novas órbitas
novos trânsitos...



domingo, dezembro 13, 2009

ACREDITE SE QUISER!


Já lhe disse, meu bem
Que eu sou uma ficção,
Uma invenção de mim mesma.
Você, porém, insiste em não querer acreditar!
Que posso fazer?
Despertei em mim esse lado brincante da vida
Ora estou alegre feito criança surpreendida diante de um brinquedo novo... 

Ora estou chorando porque este mesmo brinquedo se quebrou...


Faz parte da vida
Pelo menos, da minha vida,
Encarar os fatos desta maneira.
Aprendi esta verdade à custa de sal, lágrimas e outras alegrias!
E vou me permitindo viver exatamente desta forma.
Coloque seus princípios... 
Se eles me agradarem
Sigo-os com carinho e prestígio,
Se não... 
Desobedeço-os-sem-sentimentos-de-culpa.

Dor doída não quero!
Alegrias?

Que venham todas...

E  sem pedir licença!

Sei que o mundo, ou a vida, não são brinquedos diletantes

Por isso mesmo, respeito avisos, sinais e outros artefatos do gênero


Mas-também-me-reservo-o-direito-de-quebrar-regras-que-me-machucam


Afinal, diante das inevitáveis dores,

descobri, meu bem, que o sofrer ainda faz parte da lista de acessórios do viver: é opcional!


sábado, setembro 05, 2009

FORA DO CARNAVAL


Não é que as coisas não estejam em seus devidos lugares.

Podem até estar! Não sei.

Acho mesmo que nunca saberei

Vejo tantas coisas se movendo por outras órbitas

Que descubro

Que em matéria de códigos internos e condutas pessoais

A cada dia sei menos a respeito do seja

O certo e o errado

O que vale ou não a pena

O que é ou não desacerto ou descompasso.


São muitas as variações

Inúmeras as opções

Variados os ritmos em suas danças e contradanças

Que vez por outra me sinto confusa

E careço de figurações

A cada novo cenário que contemplo.


Mas gosto de ter um norte

E da afeição derivada do pertencimento a uma tribo!

Seja ela qual for!

Nunca é demais ter referências

Buscar identidades

Valores afinados com o próprio bem-estar

- Afinal, não estamos sós! -

E desde que não falte

O pão e o abraço

E que o novo manequim esteja confortável

E que a ninguém sufoque ou degole

Penso que haja espaço para todas as máscaras e fantasias

Na composição de novos sambas nestes enredos do dia-a-dia!



quinta-feira, setembro 03, 2009

INCÓGNITAS


Há um lado em mim que é lógico, cartesiano, analítico, racional. Um lado que busca explicações quase que matemáticas para tudo. Que quer relacionar causas e conseqüências como se a vida sempre se movesse por essas estranhas órbitas. É ele que me põe a dormir em sossego, me permite fazer escolhas que considero "sensatas" e me diz que a vida não se movimenta de forma aleatória e imprecisa.


Um outro lado, porém, me devora quando durmo e em sonhos desmente todos os meus pobres argumentos, me pondo em falsete, me fazendo desandar. Desata os nós precisos que cuidadosamente elaborei na teia do dia, querendo tudo firme e seguro.


Resisto a esse lado de abandono e de entrega incondicional. Me sinto nele perdida e vulnerável. Luto pelo seu controle. Penso e desejo estar no comando. Minhas tentativas quase que invariavelmente se frustram. Escorrem feito gelo sucumbindo aos primeiros sinais da primavera.


De uma forma doída, ainda busco recusas. Mas, tenho que admitir: decididamente, ainda não sei por onde passa a lógica da vida!



terça-feira, agosto 25, 2009

SILÊNCIO



O que eu acho?
O que eu penso?
Como vejo as coisa?
Será que isso importa?
Será que você quer mesmo minha opinião?
Será que ela vai lhe agradar?
Será que isso vai mudar alguma coisa?
Será que vai de alguma forma lhe ajudar?
E se eu lhe desapontar?
Será que vai me olhar com o mesmo afeto?

Há horas, meu bem, que a melhor a coisa a fazer
É ficar mesmo num doce silêncio
Numa linguagem muda!
Assim ninguém se machuca!
Você não concorda?


sábado, agosto 22, 2009

BLINDANDO A DESPOESIA


Pintei de sonhos o luar

E parti ao encontro

De seu vento forte na maré cheia

Impregnado de maresias

E dos sons e perfumes da noite.


Sabia dos ritmos da lua

Da pulsação das marés

Do movimento das estrelas

E de quantas ilusões e perigos se podia tecer

Um sonho aberto ao tempo

No meio da noite.

Decidi mesmo assim

Abrir mão dos fantasmas

Que insistiam em me rondar

Corroendo-me a fantasia

Contaminando-me os olhos e a poesia.


Mal começou o dia

Descobri o quanto de sal me custaria

Jogar continuamente flores no mar

E implorar bênçãos e mágicas

Para a doce Iemanjá: Um oceano inteiro...

E toda uma vida!


Afundei-um-a-um-sem-dó-nem-piedade-todos-os-seus-belos-navios-que-despontavam-a-minha-frente-na-linha-do-horizonte-e-insistiam-em-me-acenar-seus-lenços-brancos!

Minha passagem para o ano novo

Aconteceu ali à luz do dia

Em pleno mês de agosto.

Movida apenas pela leveza

De um pequeno barco a vela

E com o inevitável mar convulso

Batizando meus olhos.



quinta-feira, agosto 20, 2009

VERBO FORTE


O verbo era forte e seu tempo ainda se conjugava no presente. Jogo pesado. Tinha que ter cacife para bancar. Muito know-how. Muita estrutura emocional para surfar nas ondas altas e se segurar nas vazantes das marés sem se deixar arrasar ou se arrastar. Engolir as derrotas, equilibrar-se nas instabilidades e flutuações. Driblar as correntes traiçoeiras, os arrecifes insuspeitos. Acautelar-se diante diante de icebergs revelando apenas uma pequena ponta de seus cumes gelados. A navegação seria sempre sem cartas náuticas e, ora sob um céu de luas crescentes e cheias, ora minguantes e vazias. Nas noites de frio e chuva, teria que apelar para o agasalho e proteção de uma boa bebida quente. Uma água ardente! Aquele, pensou, era um esporte como outro qualquer. Só que com variações arriscadas. Exigia habilidades extras, capacidade, talento, desinibição. E mais, como numa boa mesa de pôquer, sem parcerias, sem solidariedades. Cada um por si e Deus por todos. Tinha que ser uma excelente atriz e ter muito sangue frio, não demonstrar emoção ou medo ante as cartas confusas, mal embaralhadas, desalinhadas. Muito menos revolta ou desprazer. Pensou na adrenalina, na convulsão. Nas pernas fortes que teria que ter para se levantar rápido - e sozinha e sem nenhum cavalheiro para estender-lhe a mão e o chapéu! - nas horas das quedas bruscas, inesperadas, violentas. E se recompor mais rápido ainda, equilibrando-se com elegância no salto alto, olhando para a câmera a lhe dizer: - Sorria, meu bem, você está sendo filmada! Pensou nas regras tão novas e desconhecidas, seu domínio e suas possíveis armadilhas. No difícil repique. Sentiu-se descaradamente descrente. Impotente para cortar o vento com as mãos, fazê-lo parar ou mudar-lhe a direção. Lembrou-se de que tinha sangue quente e sentimentos complexos. Gostava do sonho, do encanto, do romance, da fantasia. Calculou os riscos com régua fina e milimetricamente precisa e desistiu ante a lâmina afiada demais, sob o constante fio da navalha! Apagou a luz, colocou a cabeça no travesseiro e murmurou baixinho: - Não sou morcego! Em seguida, num sobressalto, sentou-se no meio-da-noite-no-meio-do-escuro-no-meio-da-cama e gritou em alto e bom som para quem quisesse ouvir:


- NÃO-SOU-MORCEEEEGOOOOOOOO!!!!!!!!


E foi dormir. Porque era o melhor que tinha a fazer naquele momento!



MAÇÃS


Há um tipo de maçã
Que é envenenada.
Pode até deixar as mulheres belas
Porém, adormecidas...
Ou, então, anestesiadas em sua dor
Ou envolvidas em muitas noites de solidão!
Seu veneno é doce, suave
O perfume, sedutor e inebriante.

Mas mata.
Aos pouquinhos...

Lady Di - tão linda! - comeu e morreu!


terça-feira, agosto 18, 2009

REGALO


Eu sei que você faz de mim

Um porto seguro

Mas não sou tão segura assim, baby!

Também tenho meus medos

Minhas inseguranças

Meus desvarios!

Sonho como qualquer pessoa

E acordo também com pesadelos.


Também quero fugir

De vez em quando

Para outro lugar

Onde eu possa me sentir

maravilhosamente assim:

Irresponsável!

E ficar quietinha

Em silêncio,

Querendo de nada saber

Porque está muito complicado esse viver!


Estou tão sem bússolas quanto você.

Mas faço desse jeito: vou experimentando

De cada dia os sentidos desse viver.

Não rejeito o doce nem o amargo

Nem o tempero do sal com a pimenta.

Mas não confunda

Sou seletiva:

Sei exatamente onde mora o meu prazer!


Delicias? Boas notícias?

Existem!

E quando acontecem...

Aproveito!



segunda-feira, agosto 17, 2009

O QUE EU POSSO LHE DIZER, AMOR?


O que eu posso lhe dizer, Amor?

Que nada se acaba da noite para o dia?

Que os abismos e escuros vão se tecendo lentamente nas pequenas incongruências?

Que é mais fácil e rápido destruir do que construir?

Que são as pequenas e contínuas ondas que abalam o casco de um veleiro?

Que nas grandes tempestades é que se prova a força de uma embarcação?

Que nos detalhes que ignoramos é que ganhamos ou perdemos?

Que no geral sequer notamos as diferenças?

Que vistas de longe todas as montanhas são iguais?

Que são muitas as formas de amar?

Que a vida é um teste de múltiplas e amplas escolhas,

mas não podemos ser levianos e inconsequentes?

Que não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?

Que amar é investir afetivamente no outro

E exige uma taxa de retorno desse afeto na mesma proporção?

Que a paixão não comporta indecisões?

Que o amor requer exclusividade?

Que não se pode brincar com sentimentos sem se ferir ou ferir o outro?

Que nunca sabemos como será o dia de amanhã?

Que se pode afivelar as malas a qualquer hora,

Comprar o bilhete e partir?

Que ter que dizer adeus é sempre triste, mas que pode também significar um alívio?

Que há um tipo de leveza do ser que é insustentável?

Que uma das coisas mais importantes da vida é se perguntar: - Até onde eu posso ir? Até onde eu agüento? E colocar limites para si mesmo?

Que o amor não comporta irresponsabilidades para com aqueles que são objeto de nosso afeto?

Que sentir medo é inerente ao sentimento de estar vivo?

Que o amor tem suas zonas de luz e sombras?

Que tudo na vida passa por fases, mudanças, inumeráveis ritos e alterações em seus ritmos?

Que sob o guardachuva do amor tudo pode acontecer?

Que é nas quedas que a água ganha força?

Que sempre haverá pedras no meio do caminho?

Que a vida é uma balança que exige equilíbrio?

Que o amor não tem que rimar com dor e exige eco?

Que a beleza verdadeira é feita de imperfeições?

Que qualquer tipo de preconceito é sempre odioso?

Que ninguém gosta de se sentir à beira de precipícios?

Que esse mundo é muito mais vasto do que pode supor nosso minúsculo coração?

Que se perceber diante de encruzilhadas na estrada da vida é quase que inevitável, mas fazer opções pelo caminho a seguir, também?

Que não existem âncoras para o viver e amar mas que um mínimo seguro é necessário para nossa sanidade?

Que não podemos viver brincando de gangorras?

Que teto, comida, vestuário, trabalho, calor, prazer e amor são ingredientes obrigatórios na cesta básica de qualquer ser humano?

Que para amar não se exige carteira de habilitação,mas que chega uma hora em que temos que saber como usar o volante e os pedais do freio desse carro chamado AMOR?

Que esse mesmo carro desgovernado e sem direção pode ferir muita gente?

Que nossa beleza e poder de sedução são armas que podems ser usadas para vivermos em paz, com amor e alegria?

Que o amor exige entrega e formação de vínculos?

Que não podemos ficar submetidos às forças de um mercado amoroso instável, inseguro e de corações e cotações oscilantes e vazios?

Que chega um momento em que é preciso abandonar o “talvez” e aprender a dizer “sim” ou “não”?

Que o cardápio é variado e está sempre à disposição, mas que usar as pessoas unicamente como fonte de alimento e prazer é puro egoísmo?


O que eu posso lhe dizer, Amor?

Não sei. Também me movo por perguntas!


Os caminhos são muitos

e os roteiros quem traça é você!

Siga o tempero do seu coração

e acrescente as também necessárias pitadas de razão.

A única coisa que descobri até agora

é que na vida nunca nada é de graça,

tudo pode ser escolhido

mas temos um preço a pagar.

A decisão é sua e sempre será!


Quaisquer que sejam suas escolhas

Viva, e deixe viver!

Dê prazer a quem você ama

Mas exija este mesmo prazer para você!

Continuo aqui para quando precisar!

Beijos.



domingo, agosto 16, 2009

ECLIPSE


Estou naquela fase do me des-cobrir de novo

E não me pergunte o porquê.

Qualquer resposta que eu lhe dê

Será inútil e sem consolo.


Não gosto de me sentir assim:

perdida, começando do escuro!

Mas, vez por outra,

Isso me acontece.

E nessas horas só me resta mesmo,

Respeitar esses meus ciclos de lua instável,

desprovida momentaneamente de luz,

movida a precariedades,

Girando meio que às cegas,

Num firmamento do tudo possível

Sem rotas e garantias

E ainda assim

E apesar disso

Me permitindo ir

Vulnerável

Sensível a todos os apelos

E pedidos de socorro e urgências que ecoam

Dentro e fora de mim.


Contraditoriamente

Me sinto bem dentro dessa fragilidade

Que me põe de alma nua e tão humana

Fazendo-me sentir aberta a um novo começo

Ausente de respostas

Inundada de perguntas

E, como sempre,

Querendo entender

Do jogo das charadas

Suas possíveis ciladas

Ante a matéria imprecisa dessa guia do viver.



quinta-feira, agosto 13, 2009

¿QUÉ LES QUEDA A LOS JÓVENES?


¿Qué les queda por probar a los jóvenes
en este mundo de paciencia y asco?
¿sólo grafitti? ¿rock? ¿escepticismo?
también les queda no decir amén
no dejar que les maten el amor
recuperar el habla y la utopía
ser jóvenes sin prisa y con memoria
situarse en una historia que es la suya
no convertirse en viejos prematuros

¿qué les queda por probar a los jóvenes
en este mundo de rutina y ruina?
¿cocaína? ¿cerveza? ¿barras bravas?
les queda respirar / abrir los ojos
descubrir las raíces del horror
inventar paz así sea a ponchazos
entenderse con la naturaleza
y con la lluvia y los relámpagos
y con el sentimiento y con la muerte
esa loca de atar y desatar

¿qué les queda por probar a los jóvenes
en este mundo de consumo y humo?
¿vértigo? ¿asaltos? ¿discotecas?
también les queda discutir con dios
tanto si existe como si no existe
tender manos que ayudan / abrir puertas
entre el corazón propio y el ajeno /
sobre todo les queda hacer futuro
a pesar de los ruines de pasado
y los sabios granujas del presente.


(Mario Benedetti)


segunda-feira, agosto 10, 2009

PERMITINDO MUDANÇAS...



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares.

É o tempo da travessia:
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos.


sábado, agosto 08, 2009

SEM ALFA NEM BETA


Nada mais faz sentido

me perdi neste nosso (an)alfabeto vazio.

Nem minhas letras

Consigo entender.


Preciso urgente

me reconhecer!




quarta-feira, agosto 05, 2009

DEIXANDO FLUIR

(Kirsti Langeland)


Hoje estou como os rios:

- Desobedecendo quaisquer fronteiras

- Invadindo cada um dos precários territórios

- Desconhecendo seus toscos limites

- Abolindo todos os odiosos preconceitos

- Renegando os míseros e falsos juízos

- Mandando às favas as repulsivas hipocrisias

- Quebrando todas as regras vazias de sentido e providas de uma lógica cega e demente fora dos repertóris da Vida e que, em vão, tentam nos impingir.


Acendo a luz nos becos

E ponho um fim em seus cantos escuros

Liberta de quaisquer obscuras censuras.

Sem leis, sem governos e sem algemas

Que possam me deter.


Hoje estou por conta

Daquilo que manda meu coração!



terça-feira, agosto 04, 2009

TRAMA


Num átimo

Tudo se transformou

Num grande labirinto.


Difícil não se perder

Não se confundir

Achar o caminho de volta!


Onde estão os fios de Ariadne

Dessa estória?



SENTIMENTOS LÍQUIDOS

(Matisse)


Hoje estou me sentindo meio assim

Fluida e perdida

diante das charadas da vida.

E sem relógios de sol para apontar-me uma direção.



Sei que por mais que esta noite termine

e o dia comece naturalmente a acontecer,

continuarei me sentindo,

Por algum tempo, ainda assim:

Iluminada de escuro

presa em orvalhos

murmurando soluços.



Sou mesmo lenta!

Só peço que respeite

este meu frágil ritmo de flor

Que nem sempre consegue se guiar

Pela freqüência das horas

ou pelo ciclo das estações.

Comigo às vezes as coisas fluem

meio que ao inverso dos calendários

e, de repente,

sem nenhuma explicação,

Pode florescer um súbito inverno

No pleno transcorrer de um primeiro verão.