Pintei de sonhos o luar
E parti ao encontro
De seu vento forte na maré cheia
Impregnado de maresias
E dos sons e perfumes da noite.
Sabia dos ritmos da lua
Da pulsação das marés
Do movimento das estrelas
E de quantas ilusões e perigos se podia tecer
Um sonho aberto ao tempo
No meio da noite.
Decidi mesmo assim
Abrir mão dos fantasmas
Que insistiam em me rondar
Corroendo-me a fantasia
Contaminando-me os olhos e a poesia.
Mal começou o dia
Descobri o quanto de sal me custaria
Jogar continuamente flores no mar
E implorar bênçãos e mágicas
Para a doce Iemanjá: Um oceano inteiro...
E toda uma vida!
Minha passagem para o ano novo
Aconteceu ali à luz do dia
Em pleno mês de agosto.
Movida apenas pela leveza
De um pequeno barco a vela
E com o inevitável mar convulso
Batizando meus olhos.
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