domingo, agosto 02, 2009

NUNCA É UMA MEDIDA DE TEMPO QUE NÃO EXISTE


Um dia destes

Quando menos esperar

Ainda te encontro

Por estes caminhos tortos do mundo

De ladeiras íngremes

Esquinas incertas

Ruas estreitas

E inúmeras vertentes

E te convido para sentarmos

Numa boa mesa de bar.

E beberemos de um bom vinho

Esquecidos do relógio,

Dos maus tempos e com um bom coração

E tu me falarás de tuas crises

E eu das minhas.

De tudo o que foi

Não foi

Deixou de ser

Não fizemos acontecer

Enlouqueceu

Esmoreceu

Se perdeu

Desapareceu

E caiu no abismo de nós dois.

E por entre risos embriagados de luz e paz

Faremos muitos brindes à vida

E logo em seguida

Já sem muito siso

Tu me dirás: - Te amei tanto!

E eu te responderei: - Eu também!

E aí me perguntarás:

- Por que então não deu certo? Éramos tão parecidos, tínhamos tanta coisa em comum!

E eu te responderei

Já inebriada pela doçura do vinho

Com aquela antiga e sonora gargalhada de sempre:

- Não sei! São os desvios da Vida!

E indagarás dos meus mais recentes amores,

Se casei, me apaixonei, tive filhos, quebrei alianças, formei novos vínculos

E eu te farei iguais perguntas

Riremos das grandes tolices

Das pequenas imperfeições

Das velhas manias...

De como adorávamos perambular livres pelos parques e jardins

Olhar vitrines,

Visitar museus, galerias

Tomar sorvetes

Ir ao cinema

Ouvir música

Dançar...

E quando o holofote do tempo

Sinalizar o findar do encontro

Pagaremos a conta

Achando que afinal

Conseguimos fazer aquele nosso velho acerto de contas.

Depois disso

O beijo na face

O grande abraço

A despedida

E aquela estranha sensação no olhar

De que entre o dito e o não dito

Ainda ficou muito por compreender

sobre essas duas pessoas

Que um dia jovens demais

Não conseguiram saber

Como tentar conjugar

Todos estes bons e maus tempos do verbo amar.


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