Vou logo avisando, hoje não quero saber de nada. Tirei licença de filhos, família, problemas, encomendas, chaves, fechaduras, gavetas emperradas, amores lacrimejantes, projetos enferrujados, leite derramado, sangue derramado, calhas entupidas, ventos encanados, desculpas esfarrapadas, mentiras encardidas, mal lavadas, sequer ensaboadas, dedos engessados, narizes entupidos, línguas bifurcadas, gorduras saturadas, pisos escorregadios, caras de pau, lentes coloridas, unhas postiças, olhos postiços, cílios postiços, sonhos encravados, sonhos roubados, esperanças assaltadas, assaltos a mão armada, calos no pé, feridas que não cicatrizam, remédios que não curam, alfinetes sem cabeça, rosas com espinhos, lixo radiativo, seringas contaminadas, ouvidos moucos, má vontade, gente mal-educada, desculpas esfarrapadas, políticos alienados, cofres roubados, sonhos arrombados, infâncias esquecidas, crianças traídas, escolas destelhadas, bancos quebrados, professores mal remunerados, alunos sem merenda, prometeus acorrentados, doentes agonizando, filas em hospitais, hinos nacionais rasgados, esquecidos e abandonados pelas margens dos ipirangas, políticos viajando
Não, hoje não, por favor! Hoje estou sob as leis universais da paz e do amor. Só quero um chapéu de palha, bons ventos, um bom tempo, cheiro de maresia, um barco a vela e o balanço do mar e do amor! Nada de bílis ou de fel. Vou variar, me lambuzar de doçuras, com muita falta de siso, muitos beijos de lambuja, em overdoses de perder o juízo, regadas a drinks e canapés. Tô que nem a Clementina: - (também) fui feita pra vadiar!
Bye, beijos. Amanhã, tô de volta. Se Deus quiser!
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